Enzo Banzo
Músico e escritor, Enzo Banzo une suas duas facetas em seu primeiro disco solo, “Canção Escondida”, em que cumpre o desafio de musicar poemas de autores como Luís de Camões, Carlos Drummond de Andrade, Paulo Leminski, Arnaldo Antunes, Alice Ruiz, Danislau, Marcelino Freire, Cleusa Bernardes – mãe do artista – e Clara Averbuck.
Produzido por Saulo Duarte e um lançamento da Matraca Records, "Canção Escondida" foi gravado nos estúdios da YB, em São Paulo, e tem como proposta revelar a canção que existe dentro de todo poema, levando-o da linguagem escrita para a musical – vem daí o título do disco. “Com esse disco quero desmistificar a ideia de que poesia é algo inacessível", explica o compositor.
Sua bem sucedida trajetória como integrante do Porcas Borboletas – com quem já lançou quatro álbuns em uma década de carreira – faz com que Enzo seja mais reconhecido como cantor e compositor. Poucos sabem que ele tem um livro lançado, "Poesia Colírica", que saiu em 2014 pela editora Letramento, e acaba de se tornar Mestre em Letras pela Universidade Federal de Uberlândia.
Para completar o sucesso da empreitada, o retorno dos poetas – vivos – foi extremamente positivo. “Arnaldo Antunes, por exemplo, sempre gostou muito da nossa parceria, e dividiu o canto comigo em um show do Porcas Borboletas em 2006. Marcelino Freire ficou entusiasmado, publicou no blog dele. Alice Ruiz deu todo apoio. Com a Clara Averbuck, já tenho uma coleção de parcerias que devem virar um outro disco. E Danislau comemora, sempre, a cada parceria”, comenta.
"Canção Escondida" é, portanto, o encontro do músico com o escritor, neste trabalho que deve se tornar um marco da aproximação entre a canção e a poesia. Os dois mundos também se encontram em sua dissertação de mestrado, na qual relaciona as "poesias faladas" das canções de Noel Rosa com a poesia Pau-Brasil, de Oswald de Andrade. O estudo tomou como base três músicas – Conversa de botequim, Gago apaixonado e Três apitos – nas quais Rosa materializou a prática da poesia "como falamos", promulgada como gesto de ruptura pelo Manifesto da Poesia Pau-Brasil, em contraposição à retórica ornamental do parnasianismo então vigente.
A turnê de lançamento de "Canção Escondida" começa em setembro e tem shows confirmados em São Paulo, Belo Horizonte, Uberlândia e Uberaba (MG). O álbum foi produzido com patrocínio do Instituto Algar por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais.